terça-feira, 21 de setembro de 2010

POESIA: INFINITA TERNURA, DE VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)


INFINITA TERNURA

Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)



É noite... Converso com estrelas... E essa loucura transborda uma infinita ternura!
O mar agitado, independe desse fulgor e furioso lança
suas ondas na areia a fim
de molhar os meus pés e apagar as minhas pegadas ou,
talvez, atiçar os
pássaros canoros
e os últimos pirilampos que sobrevoam alvoroçados...Um galho caído parece uma escultura de Augier...Impressionante imagem!



Em meu imaginário... Sorrio a todos os amigos e amigas, e
gostaria que agora,
nesse exato instante,
aqui estivessem comigo e mirassem essa soberba paisagem.
E eu agradeceria, a todos ele,
por existirem e estarem afim,
comigo em poesia constante... Eu amo os meus amigos e amigos
que são em mim,
a dádiva de Deus-menino... O mesmo que Pessoa eternizou!
Ah! Como sou feliz, imensamente feliz, um caso perdido em Sonhos!


Nas horas em que leio Prévert, Lispector ou Catalán...
Em que vejo Narciso Adormecido e prendo
nas unhas um quê de mistério
Em Machado me quedo,
Ou gargalho bebericando um vinho,
nem sempre tinto,
mas deleito-me ao som de Lenine... E as rimas internas de Geraldo Carneiro...
Sem tédio,
aproprio-me do espaço e lanço nas águas
meu grito,
meu sorriso,
meu canto,
meu pranto,
e todo esse espanto
causado pelo ladrão de arma em punho que tenta
roubar-me a noite,
a saudade,
o clima,
a rima,
a entonação... E o livro que trago nas mãos... Escorrega e cai....


Será possível... Entendermos a razão?


A Vera que também é Nely, envia-me mais um
PPS e pasmem!
Encanto do verbo... Preservo esse sentir: a vida me contagia de uma infinita ternura,
aprumo no bico da pena
que move a escrita holística, o zelo/desvelo de mãe.
A minha se foi, a tua também,
e talvez,
a de muitos... Não choro mais!


Renata chegou e os meninos arruaçam as tintas, a tela, derrubando os tubos.
Numa bruta alegria de descoberta de não sei o quê,
desnudam os potes,
os godês,
o lote,
meu mote,
e até apertam-me o culote,
com toda a confiança de quem sabe que a vida
está para rima... E Miguel me espanta ao dizer:
- Aonde você estava, eu procurei tanto por você! Eu não te encontrava, a casa
parecia deserta,
ausente de ti!



Meu Vinicius de Moraes, pensei emocionada.
Às vezes,
vale tanto saber que se é tempo!

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