domingo, 25 de setembro de 2011

POESIA: TERRA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)*


Foto: Chantal Foucault (França)- Uma criança a brincar.




TERRA


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
I


A minha língua me ensina
que das minhas mãos a consagração beija-me os sonhos
tem importância de vida esse chão que caminho
Sim, a minha língua me ensina
Mas também ensina todas as línguas
quando escuto a canção
percebo que homens e mulheres semeiam
e enxergo uma criança a brincar na areia, bem sei:
é um privilégio amar.




II


Entretanto, o absurdo apavorou o dia
naquele dia
ou em tantos outros dias
que nessa mesma Terra
um menino de 10 anos preferiu o estampido
de uma bala,
no cérebro.
Minha língua não coube na boca...Destravou o céu, engasgou-se!



III


Alguma coisa de muito triste acontece na Terra,
nessa Terra,
estaríamos apodrecendo?



IV


Por detrás das lágrimas
vejo
o que poucos veem:
ainda há uma criança a brincar na Terra!



VI


Ela sorri. Escrevinha seu nome na areia...
Sonhas coisas, mundos fantásticos, possibilidades,
tais,
assim também o poeta canta. É uma consagração em ser.
Mas Chrislany sabe. E disse tão bem:
- " Eu não entendo, eu aprendo cada dia mais
como é a importância de ser um poeta, e às vezes,
ninguém dá valor".
Meu coração ficou em pulos. Festejando o despertar da linguagem.



VII

Que o aprendizado se enamore da vida em ti
que a Esperança seja luz em teus olhos
igual o brilho que vi
em teus olhos de menina a brincar
com as palavras
em uma pobre e tosca sala de aula,
no Jardim Catarina.


VIII

Minha Terra não é a mesma,
pede mudanças,
acredita o povo que há uma via...
E não se permitirá fracassar, porque vê:
há uma criança a brincar.
E quando uma criança brinca...Eu não entendo, eu aprendo cada dia mais!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

POESIA: O LIMO - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)





O LIMO


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES ( BRASIL)



não me custa, do gesto
descer à fonte e sorver com as mãos
o sabor
por meio da verdade
toda a força do tempo
e a sabedoria de escutar-te, oh! limo
ao suavizar meu cansaço
e redefinir este sonho nas mãos calejadas de canto.


Nem sempre, os pássaros sabem de solidão!