sábado, 30 de outubro de 2010
SE EU LHE DER O SOL, VOCÊ NAMORARIA COMIGO? - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: Pescadores (Rio das Ostras)- TAAR-Brasil, 2009
SE EU LHE DER O SOL, VOCÊ NAMORARIA COMIGO?
Na luz primária do pensamento a sensibilidade passeia com seus encantos, e dois
feixes de beleza e ternura indagam-se enamorados, enquanto um golfinho eterniza a tarde que cai lentamente sobre nós... E esse seu cabelo lindo, irradiando desejos de vida... De se ficar em aconchego...
- Se eu lhe der o Sol, você namoraria comigo?
Percebo tudo, de soslaio. e fico imaginando, nós dois assim, iguais.
( In: Entre o Abismo e a Montanha, Vanda Lúcia da Costa Salles ( no prelo)
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010
HOMENAGEM: JOSÉ GERALDO NERES (BRASIL)*
Foto: José Geraldo Neres
O SOL NÃO ME ESPERA[6]
um cão ilumina a si mesmo
dentro da pele da morte
sua boca um rio de lençóis
o mistério desliza pela noite
um cego vigia a porta
a quem ele estende a mão?
como ajudá-lo a atravessar a porta?
nasce com um naufrágio atrás das orelhas
e seus olhos não possuem memória
não há claridade no caminho
apenas o cão com seus olhos de barro
EM NOME DA SEDE[4]
sombras se agitam
a uivar para as nuvens de martelos assustados
olhos selvagens na floresta de sobrancelhas
se agarram ao suicídio das casas
na tentativa de descobrir o segredo da terra
elas
reclamam que não conseguem sonhar direito
se encolhem de frio
querem comprar mais uma alma
mas se sentem arrastadas pelo espelho
uma paisagem de olhar amassado de sono
na sensação de serem devoradas pela areia
de serem um rio afogado
sussurram
somos
o castigo na espera de passar pelas sete portas
o ventre despovoado de raízes
a noite fechada dentro do homem
a estrada no limite do corpo
a segunda língua de tudo que não existe
a palavra que ninguém responde
a insônia das águas em sangue doente
o passo lento das casas e suas pálpebras pesadas
DESERTO DOS PÁSSAROS ÚMIDOS[3]
I
o tempo
navega
além do rio
o tempo
prisioneiro
o tempo
além da vontade da água
porta parada
homem oco e seus relógios
nome deitado cego
escondido nas raízes da água
enterra sua sombra
nos galhos de um arco-íris
parado na porta
o tempo
II
voz no cortejo de punhais
sol afogado no peso e na dor dos pássaros
seu olho
no sangue do rio
e nas suas margens com seios de prata
língua de serpente no voo da lua
e na espera d’água
III
a dança conta a vida
como se chovessem noites
o ritmo desperta a água
nos olhos navalhas
o movimento enroscado no deserto dos pássaros úmidos
deus
– em seus pesadelos
penetrava nas almas e arrancava os olhos
a poesia não cicatrizava –
acorda
na última fila
ele
diante do espelho
a linguagem da queda
IV
sentir o silêncio da nudez
palavra aquática
nos olhos
o dilúvio de arco-íris
corpos líquidos
deslizam à deriva
águas sem margens
ondas se enterram
no lírico punhal
das pequenas mortes
V
as pálpebras escavam
um círculo
agarram o mar
metade luz
metade grande selva
no horizonte
constelações de peixes rápidos
no altar de estrelas
um grito invisível
ponteiros sem lágrimas
o demônio na sombra de um deus
barcos no pulso das nascentes
dois rios inimigos
lábios em forma de promessas
VI
as árvores cantam
levam meu corpo
suas raízes criaram asas
movimento de mulher de país infinito
meus olhos no aprendizado das horas
imagino um lago
espero um navio líquido
um peixe no céu
naufrágio alado
ave trançada em algas
mostra sua pele
um rio sem margens
ensina à nuvem
ser uma manada de palavras
uma metáfora suspensa
sentado no seu colo
a noite faz morrer uma estrela
o ventre na descoberta da água
exibe-se
atravessa o silêncio
os dias cobrem os ponteiros
rasgam o vento
e o que não existe
sangra o fogo
no seu dorso
água violenta
no rio
as árvores cantam
*JOSÉ GERALDO NERES, (nasceu em Garça, SP, em 1966). Poeta, roteirista, dramaturgo (com formação em oficinas e cursos de criação textual) e produtor cultural. Graduado em Letras pela Universidade Federal do Maranhão e Pós-graduado em Literatura Brasileira pela PUC-MG. Publicou o livro de poesia Olhos de barro, (Coleção Orpheu, Multifoco Editora) que recebeu menção especial na 3a edição do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura (2010); e Outros Silêncios, Prêmio ProAC da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo 2008, (Escrituras Editora, 2009) realizado através do programa “Bolsa para autores com obra em fase de conclusão” da Fundação Biblioteca Nacional em 2007/2008; e Pássaros de papel (Dulcinéia Catadora, edição artesanal, SP, 2007). É co-fundador do Palavreiros. Integrante do Conselho Gestor & Editorial do Ponto de Cultura Laboratório de Poéticas (Programa Cultura Viva, do MinC). Gestor Cultural. Curador da Sala Permanente de Vídeo/Doc. da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará (2008). Jurado da etapa inicial do Prêmio Portugal Telecom de Literatura (2009). Ministra oficinas literárias, com ênfase em criação literária e estímulo à leitura. Atual curador do projeto Quinta poética encontros multilinguagens promovidos pela Escrituras Editora e Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos.
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010
MOMENTO DISCENTE: BELEZA DE MINHA TERRA- AIMÉE PINHEIRO
Foto: Rio das Ostras
Hoje eu cheguei no colégio com bom ânimo, pois iremos dar um passeio nas praças de Rio das Ostras chamadas: São Pedro e José Pereira Câmara.
Andamos em parar pela Rua Bangu e cada vez que eu chegava mais perto do local mais minha vontade febrecitante aumentava. Passamos pela Rua Inajara, paramos na Biblioteca de Rio das Ostras.Quando chegamos lá a minha felicidade era tanta que ao olhar para os meus colegas via também a mesma felicidade.
A paisagem era tão linda que eu quase ficava parada com tanta beleza. Aquelas ondas calmas me acalmando, as árvores, flores lindas de várias cores, um azul claro no céu com muito pouco do sol aparecndo, uns barquinhos, poucas nuvens no céu e essa paixão em mim...
Eu adorei o passeio, essa aula ao ar livre, espero que tenha mais vezes, pois aprendi muitas coisas que eu não sabia.
Eu não sabia que Rio das Ostras é tão bela.
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sábado, 23 de outubro de 2010
HOMENAGEM: CRISTOVAM BUARQUE E A TODOS QUE FIZERAM, FAZEM E FARÃO A DIFERENÇA EM PROL DA EDUCAÇÃO -Internacionalização do Mundo
" O Brasil é como um pássaro que lança o seu canto em direção ao Sol.
E caminha em direção de sua glória e para além da fenda do muro..."
Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
- Internacionalização da Amazônia -
Durante debate ocorrido no mês de Novembro/2000, em uma Universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Segundo Cristovam, foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para a sua resposta:
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado
Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou
de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveriam pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.
Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa."
(*) Cristóvam Buarque foi governador do Distrito Federal (PT) e reitor da Universidade de Brasília (UnB), nos anos 90. É palestrante e humanista respeitado mundialmente.
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HOMENAGEM: CHICO BUARQUE- Feijoada Completa
" A alegria do povo brasileiro... É ver todos os seus filhos, de fato e de direito, na escola pública... E que a EDUCAÇÃO seja realmente de qualidade...Com todos, entre todos e para todos..."
Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
FEIJOADA COMPLETA
Chico Buarque
Mulher
Você vai gostar
Tô levando uns amigos pra conversar
Eles vão com uma fome que nem me contem
Eles vão com uma sede de anteontem
Salta cerveja estupidamente gelada prum batalhão
E vamos botar água no feijão
Mulher
Não vá se afobar
Não tem que pôr a mesa, nem dá lugar
Ponha os pratos no chão, e o chão tá posto
E prepare as lingüiças pro tiragosto
Uca, açúcar, cumbuca de gelo, limão
E vamos botar água no feijão
Mulher
Você vai fritar
Um montão de torresmo pra acompanhar
Arroz branco, farofa e a malagueta
A laranja-bahia ou da seleta
Joga o paio, carne seca, toucinho no caldeirão
E vamos botar água no feijão
Mulher
Depois de salgar
Faça um bom refogado, que é pra engrossar
Aproveite a gordura da frigideira
Pra melhor temperar a couve mineira
Diz que tá dura, pendura a fatura no nosso irmão
E vamos botar água no feijão
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MOMENTO DISCENTE: ROSAS - PATRICK GONÇALVES GUERREIRO(BRASIL)
Foto: Pintura de Cezanne
ROSAS
Rosas do olhar
que faz imaginar
primavera a chegar
para todos se alegrar
Primavera vem ai
pássaro a cantar
borboleta vem voando
e o fruto a brotar
Aventuras a chegar
todos elogiam,
brincadeiras a falar
todos vão gostar.
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Por Vanda Lúcia da Costa Salles
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
HOMENAGEM: ADÃO VENTURA (BRASIL)*
Foto: Bandeira do Brasil
Foto: Adão Ventura (Brasil)
ALFABETIZAÇÃO
Adão Ventura
Papai
Levava tempo
Para redigir uma carta.
Já mamãe Sebastiana de José Teodoro
Teve a emoção de escrever seu
Nome completo
Já quase aos setenta anos
COMENSAIS
a minha pele negra
servida em fatias,
luxuosas mesas de jacarandá
a senhores de punhos rendados
há 500 anos.
AGORA
É hora
de amolar a foice
e cortar o pescoço do cão.
- Não deixar que ele rosne
nos quintais
da África do Sul.
É hora
de sair do gueto/eito,
senzala
e vir para sala
- Nosso lugar é junto ao Sol.
*ADÃO VENTURA FERREIRA REIS: nasceu em Santo Antonio do Itambé, MG, em 1946. Formou-se em direito pela UFMG e em 1973 a convite da University of New Mexico, foi para os Estados Unidos onde lecionou literatura contemporânea.
Publicou diversos livros, dentre eles A cor da Pele, Texturafro e As musculaturas do Arco do Triunfo, já participou de várias antologias e seus poemas foram traduzidos para o inglês e o alemão. Teve um de seus poemas incluído na antologia Os Cem Melhores Poemas Brasileros do Século, organizada por Italo Moriconi ( Editora Objetiva - SP). Sua poesia mostra-se impregnada pelas questões da negritude e, simultaneamente, por uma simplicidade que a faz legítima, e fluida, ou como escreveu Manoel Lobato: "A iniquidade do mundo e o mistério da vida gritam na sonoridade de seus versos".
Em 2002 publicou Litanias de Cão.
Faleceu em junho de 2004.
SOBRE ADÃO VENTURA
"Adão Ventura Ferreira Reis, que nasceu em Santo Antônio do Itambé, no interior de Minas Gerais, em 1946, assim como Cruz e Sousa e Solano, foi um militante da causa negra. Sua poesia, impregnada de questões da negritude, revela um poeta sensível, sonoro, fluente, preocupado com a situação do negro no Brasil e no mundo. Iniciando os períodos com letras minúsculas e escrevendo África – sempre – com letras maiúsculas, Ventura estimula, com elegância, a altivez e a dignidade do povo negro, que jamais pediu ao europeu para ser escravo no Brasil ou na América do Norte. A projeção do negro nas Américas, como sabemos, é lenta, lentíssima, difícil. O negro, vigiado, policiado por todos os lados, vê-se como O Emparedado, do texto em prosa de Cruz e Sousa. O Brasil, hipócrita, ainda não assumiu o sangue negro a correr em suas veias; o sangue daqueles africanos humilhados pela escravidão, um crime tão hediondo quanto o Holocausto de judeus na Alemanha de Hitler."
http://66.228.120.252/cronicas/850418 -AQUELE OUTRO POETA NEGRO, POR
NELSON MARZULLO TANGERINI
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Por Vanda Lúcia da Costa Salles
domingo, 10 de outubro de 2010
A LIÇÃO EXPRESSIVA DO AMOR- Um Estudo em BIOECOLINGUÍSTICA*
A LIÇÃO EXPRESSIVA DO AMOR- Um Estudo em BIOECOLINGUÍSTICA
" NA ALMA DO PROFESSOR ESTÁ A GINGA DO CONHECIMENTO COMO MEIO AMBIENTE, ONDE AS ASAS DOS PASSARINHOS DARDEJAM PÉTALAS..."
Por : Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
Ontem um pássaro dardejou pétalas...
que adentraram em minha vida
e romperam os limites do meu olhar... Eu o estava reprovando
porque não conseguia enxergar o seu ritmo e isso
exasperava-me a convicção de poder ensinar através da palavra-imagem
o que de certo fosse o mais próximo do perfeito,
no entanto
sua letra inscrição teimava em não deixar-me enxergar
o óbvio
Mas suas asas aguerridas, frágeis,confiantes,
fizeram-me ouvir o silêncio de sua música interior...
E a Luz mostrou-me o caminho...
Ofertei-lhe então cinco palavras que lancei ao seu gosto
tais como: mar amor aventuras liberdade esplendores
E na ginga do conhecimento
De um voo rasante... Inesperado e utópico, cresceu-lhe asas
que ventaram assim em um galope mágico
ecoando na sala de aula com toda a sua expressividade singular
despertando um outro olhar
nessa minha humilde receita a procura de certezas
E eis que
Patrick Guerreiro ensinou-me a enxergar meus limites,
assim, em sua escrita dialogal:
MAR
Os meus amores são os navios
é cheio de aventuras
mas o mar é o meu lazer
o que eu não sei é te dizer
Mar de aventuras
Eu tenho liberdade
Para ir a qualquer lugar
O que eu não sei e te explicar
Esplendores são a s luzes
Que brilham lá no céu
E que ao mar ilumina
Fiz esse poema com calma,
Usei amor, usei a alma!
* E captando a mensagem do mestre
de alma para alma
a Alegria mostrou-se num sorriso de criança!
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Por Vanda Lúcia da Costa Salles
sábado, 9 de outubro de 2010
IITAJUBÁ EM FOCO- RUBEM ALVES / parte 1
" NA ALMA DO PROFESSOR ESTÁ A GINGA DO CONHECIMENTO COMO MEIO AMBIENTE, ONDE AS ASAS DOS PASSARINHOS DARDEJAM PÉTALAS..."
V.L.da C. S.
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Por Vanda Lúcia da Costa Salles
POESIA: PEDAGOGIA DO GOSTO- VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: Bandeira do Mercosul
PEDAGOGIA DO GOSTO
Esse olhar requer um amanhecer descentrado
no inesperado
da sensibilidade aguçada
que espraia como se uma criança em toda a sua alegria
brincasse de montaria em um cavalinho de um carrossel aquarela
retinindo estrelas e faíscas douradas de risos
indomáveis,
como um pulo de um grilo falante,
senso no mistério
e mais que um pulo no abismo
restasse o gosto
de se ler na retina do ser
o humano em glória rasgando o universo
como cometa escandaloso
e viesse beijar o pó acumulado no nariz ou nas faces
da mais próxima criança adormecida na calçada
De uma esquina qualquer leio as notícias que me invadem e
já não creio ser capaz
de esperar milagres e educadamente percebo que estou fora
do politicamente correto dentro da Educação que impera
na vida de todos nós,
sem nós,
por nós,
Não quero enxergar o que vejo... E receio
Que só tenha um só olho
ou a visão do inquisidor
de dedo em ristes diante de crianças violadas,
exploradas,
segregadas,
porque nas escolas a POESIA está proibida de correr descalça
com a esperança nas mãos,
ofertando aos meninos e meninas que passam
a curiosidade da folha
que rompe o dia
ou o assobio do hino nacional de boca em boca
do povo que caminha com suas marmitas a tiracolo
matematicamente fazendo
as contas
do que sobra ao final do mês
Espero que você chegue e sorria lindo,
como sempre faz,
e continue lutando
porque sabe que a POESIA é o que nos resta agora e quase
sempre com ginga
a gente leva a rima
no ponto central do coração
para esquecer o estalido da estagnação...Que espalha-se caos!
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quarta-feira, 6 de outubro de 2010
HOMENAGEM: MARIO LÚCIO (CABO VERDE)*
Foto: Bandeira de Cabo Verde
Foto: Mario Lúcio (Cabo Verde)
AUTOBIOGRAFIA
MARIO LÚCIO – CABO VERDE
Desde que nasci
sonho todos os dias com a morte,
Mas, confesso,
a morte não é o meu sonho.
* MARIO LÚCIO MATIAS DE SOUZA MENDES ou Mario Lúcio : nasceu no dia 21 de outubro de 1964, na vila do Tarrafal de Santiago, Cabo Verde. É licenciado em Direito.Mário Lúcio Sousa já tem várias obras publicadas. Entre elas estão Nascimento de Um Mundo (poesia, 1991); Sob os Signos da Luz (poesia, 1992), Para Nunca Mais Falarmos de Amor (poesia, 1999), Os Trinta Dias do Homem mais Pobre do Mundo (Ficção, 2000 – prémio do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa, 1ª edição), Adão e As Sete Pretas de Fuligem (teatro, 2001),O Novíssimo Testamento(2010),foi a obra vencedora da segunda edição do concurso promovido pela Câmara Municipal de Cantanhede para estimular a criação literária e, simultaneamente, homenagear um dos grandes vultos da literatura portuguesa do século XX.
.
Lúcio Matias de Sousa Mendes
De acordo com o site oficial do autor, www.mariolucio.com:
“Lúcio Matias de Sousa Mendes, mais conhecido pelo nome artístico de Mário Lúcio Sousa nasceu no Tarrafal, na Ilha de Santiago, Cabo Verde, em 21 de Outubro de 1964. Ali fez os estudos primários. Ficou órfão de pai aos 12 anos, e de mãe, juntamente com os seus sete irmãos, aos quinze anos. Aos doze anos, foi adoptado como pupilo pelas Forças Armadas, e passou a viver como interno no quartel, antigo Campo de Concentração do Tarrafal, sob a tutela do Estado-maior. Prosseguiu os seus estudos secundários no Tarrafal.
Obteve uma bolsa de estudos do Estado para ingressar no Liceu na cidade da Praia. Durante esse percurso destacou-se como aluno brilhante, activista cultural, jornalista e músico. Em 1984 obteve uma bolsa de estudo do Governo Cubano para estudar Direito na Universidade de Havana, onde se licenciou em 1990.
Regressou a Cabo Verde e exerceu a profissão de Advogado independente.
Foi Deputado do Parlamento Caboverdeano entre 1996 e 2001.
Foi Assessor do Ministro da Cultura (1992).Foi constituído em 2002 Embaixador Cultural pelo Governo de Cabo Verde, passando a ter estatuto de diplomata. Foi condecorado pelo Presidente da República em 2006 com a Ordem do Vulcão, ao lado de Cesária Évora, sendo ele o artista mais novo a receber tal distinção.
Música
Fundador e líder do grupo musical Simentera, que marcou a viragem da música de Cabo Verde para o acústico e reivindicou a cultura continental africana como elemento da identidade cultural caboverdeana. As suas concepções valeram-lhe o convite do Governo caboverdeano para ser Assessor do Comissariado para a Expo/92 e Autor do Projecto musical de Cabo Verde para a Expo Sevilha 92 e Lisboa 98.
Multi-instrumentista e arranjista de vários álbuns de solistas caboverdeanos. Fundador e Director da Associação Cultural Quintal da Música, cujo Centro Cultural Privado trabalha na valorização da música tradicional e no acesso das crianças à aprendizagem e à promoção dos seus talentos.
Compositor, membro da SACEM (Societé française des Droits d’auteur), com temas gravados por Cesária Évora e outros artistas caboverdeanos. É compositor permanente da companhia Raiz di Polon, a única formação de dança contemporânea do Arquipélago. Compôs a banda sonora para a peça de Teatro “Adão e as Sete Pretas de Fuligem”, de que é também autor, encomendado pelo Porto Capital Europeia da Cultura, encenado por João Branco. Fundador do Fesquintal de Jazz, Festival Internacional de Jazz de Cabo Verde. Já fez concertos nos Estados Unidos, Brasil, França, Alemanha, Suécia, Finlândia, Noruega, Austria, Senegal, Ghana, Mali, Mauritânia, Portugal, Suiça, Eslovénia, Grécia, Espanha, Luxemburgo, Bélgica, Itália, Roménia, Inglaterra, China e outros.
Gravou recentemente em França (Com o Grupo Simentera) o CD Tr’adictional, seu projecto musical sobre a mestiçagem e que conta com a participação do camaronês Manu Dibango, dos senegaleses Touré Kunda, do brasileiro Paulinho Da Viola, e dos portugueses Maria João e Mário Laginha.
Estudioso das músicas tradicionais, entre elas a música vocal dos Rabelados. Em 2004 gravou o seu primeiro disco a solo intitulado “Mar e Luz”, que conta com a participação de Gilberto Gil, Leo Gandelman, Luís Represas e Mayra Andrade. Em 2006 lanço o seu disco live Ao Vivo e aos Outros.
Literatura
É autor das seguintes obras: Nascimento de Um Mundo (poesia, 1990); Sob os Signos da Luz (poesia, 1992), Para Nunca Mais Falarmos de Amor (poesia, 1999), Os Trinta Dias do Homem mais Pobre do Mundo (Ficção, 2000 – prémio do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa, 1ª edição), Adão e As Sete Pretas de Fuligem (teatro, 2001), Vidas Paralelas (romance, 2004). É também autor de diversas peças de teatro encenadas em Cabo Verde e no estrangeiro.
Pintura
Pertence ao movimento da nova geração de pintores. Tem várias exposições no país e no estrangeiro.”
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Por Vanda Lúcia da Costa Salles
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
HOMENAGEM: ADÍLIA LOPES ( PORTUGAL)*
Foto: Bandeira de Portugal
Foto: Adília Lopes (Portugal)
O vestido cor de salmão
Ai de mim estreei o meu vestido cor de salmão
no primeiro baile a que fui
durante o baile fiquei sentada numa cadeira
ninguém me convidou para dançar
a uma rapariga importuna
que me perguntou porque é que eu
não dançava
respondi eu não sei dançar
ela insistiu comigo para que eu
bebesse uma taça de champagne
eu acedi
mas não foi dessa vez que bebi champagne
pela primeira vez
porque a rapariga entornou a taça
no meu colo
julgo que propositadamente
com a nódoa o vestido deixou de ser para bom
passou a ser para bater
durante uma viagem curta de comboio
uma faúlha do comboio (que era a lenha)
queimou-o no punho
foi fácil substituir o punho
porque no Penim onde a minha mãe tinha comprado
o corte de tecido cor de salmão
ainda havia esse tecido cor de salmão
mas durante um passeio à praia
sentei-me numa rocha
e ao levantar-me precipitadamente
por ver que ia rebentar uma trovoada
o vestido ficou preso à rocha
e rasgou-se irremediavelmente
ao despi-lo vi que o vestido tinha já
a forma do meu corpo
rasguei-o em pedaços
e guardei os pedaços
na cesta dos trapos
de um dos pedaços fez-se um vestido
para a boneca da minha irmã mais nova
e deste mais tarde fez-se um vestido
para a filha da boneca da minha irmã mais nova
que era uma boneca mais pequena
que caiu a um poço
METEREOLÓGICA
(Para o José Bernardino)
Deus não me deu
um namorado
deu-me o martírio branco
de não o ter
Vi namorados
possíveis
foram bois
foram porcos
e eu palácios
e pérolas
Não me queres
nunca me quiseste
(porquê, meu Deus?)
A vida
é livro
e o livro
não é livre
Choro
chove
mas isto é
Verlaine
Ou:
um dia
tão bonito
e eu
não fornico
A SEREIA DAS PERNAS TORTAS
Era uma vez uma mulher que tão depressa era feia como era bonita.
Quando era bonita, as pessoas diziam-lhe:
- Eu amo-te.
E iam com ela para a cama e para a mesa.
Quando era feia, as mesmas pessoas diziam-lhe:
- Não gosto de ti.
E atiravam-lhe com caroços de azeitona à cabeça.
A mulher pediu a Deus:
- Faz-me ou bonita ou feia de uma vez por todas e para sempre.
Então Deus fê-la feia.
A mulher chorou muito porque estava sempre a apanhar com caroços de azeitona e a ouvir coisas feias. Só os animais gostavam sempre dela, tanto quando era bonita como quando era feia como agora que era sempre feia. Mas o amor dos animais não lhe chegava. Por isso deitou-se a um poço. No poço, estava um peixe que comeu a mulher de um trago só, sem a mastigar.
Logo a seguir, passou pelo poço o criado do rei, que pescou o peixe.
Na cozinha do palácio, as criadas, a arranjarem o peixe, descobriram a mulher dentro do peixe. Como o peixe comeu a mulher mal a mulher se matou e o criado pescou o peixe mal o peixe comeu a mulher e as criadas abriram o peixe mal o peixe foi pescado pelo criado, a mulher não morreu e o peixe morreu.
As criadas e o rei eram muito bonitos. E a mulher ali era tão feia que não era feia. Por isso, quando as criadas foram chamar o rei e o rei entrou na cozinha e viu a mulher, o rei apaixonou-se pela mulher.
- Será uma sereia? – perguntaram em coro as criadas ao rei.
- Não, não é uma sereia porque tem duas pernas, muito tortas, uma mais curta do que a outra. – respondeu o rei às criadas.
E o rei convidou a mulher para jantar.
Ao jantar o rei e a mulher comeram o peixe. O rei disse à mulher quando as criadas se foram embora:
- Eu amo-te.
Quando o rei disse isto, sorriu à mulher e atirou-lhe com uma azeitona inteira à cabeça. A mulher apanhou a azeitona e comeu-a. Mas, antes de comer a azeitona, a mulher disse ao rei:
- Eu amo-te.
Depois comeu a azeitona. E casaram-se logo a seguir no tapete de Arraiolos da casa de jantar.
(In: Antologia {A bela acordada]. São Paulo: Cosac & Naify, 2002, PP. 155-156.)
* ADÍLIA LOPES: pseudónimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira,nascida em Lisboa, 20 de Abril de 1960. É uma talentosa poetisa, cronista e tradutora.
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Por Vanda Lúcia da Costa Salles
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