quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

HOMENAGEM: PELA ELEGÂNCIA E DIGNIDADE DA CONSCIÊNCIA... VIVA A UTOPIA!!! - BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS (BRASIL)




Foto: Bandeira do Brasil






Foto: Bartolomeu Campos de Queirós (Brasil)




Belo Horizonte, 17 de fevereiro de 2011


MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO,

Hoje, me vi pensando como seria viver em um país de leitores literários. Pode ser
apenas um sonho, mas estaríamos em um lugar em que a tolerância seria melhor
exercida. Praticar a tolerância é abrigar, com respeito, as divergências, atitude só viável quando estamos em liberdade. Desconfio que, com tolerância, conviver com as diferenças torna-se em encantamento. A escrita literária se configura quando o escritor rompe com o cotidiano da linguagem e deixa vir à tona toda sua diferença . e sem preconceitos. São antigas as questões que nos afligem: é o medo da morte, do abandono, da perda, do desencontro, da solidão, desejo de amar e ser amado. E, nas pausas estabelecidas entre essas nossas faltas, carregamos grande vocação para a felicidade. O texto literário não nasce desacompanhado destes incômodos que suportamos vida afora. Mas temos o desejo de tratá-los com a elegância que a dignidade da consciência nos confere.

A leitura literária, a mim me parece, promove em nós um desejo delicado de ver
democratizada a razão. Passamos a escutar e compreender que o singular de cada
um . homens e mulheres . é que determina sua forma de relação. Todo sujeito
guarda bem dentro de si um outro mundo possível. Pela leitura literária esse anseio ganha corpo. É com esse universo secreto que a palavra literária quer travar a sua conversa. O texto literário nos chega sempre vestido de novas vestes para inaugurar este diálogo, e, ainda que sobre truncadas escolhas, também com muitas aberturas para diversas reflexões. E tudo a literatura realiza, de maneira intransferível, e segundo a experiência pessoal de cada leitor. Isto se faz claro quando diante de um texto nos confidenciamos: "ele falou antes de mim", ou "ele adivinhou o que eu queria dizer".

MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO, o texto literário não ignora a metáfora. Reconhece sua força e possibilidade de acolher as diferenças. As metáforas tanto velam o que o autor tem a dizer como revelam os leitores diante de si mesmo. Duas faces tem, pois, a palavra literária e são elas que permitem ao leitor uma escolha. No texto literário autor e leitor se somam e uma terceira obra, que jamais será editada, se manifesta. A literatura, por dar a voz ao leitor, concorre para a sua autonomia. Outorga-lhe o direito de escolher o seu próprio destino. Por ser assim, MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO, a leitura literária cria uma relação de delicadeza entre homens e mulheres.

Uma sociedade delicada luta pela igualdade dos direitos, repudia as injustiças,
despreza os privilégios, rejeita a corrupção, confirma a liberdade como um direito
que nascemos com ele. Para tanto, a literatura propõe novos discernimentos, opções mais críticas, alternativas criativas e confia no nosso poder de reinvenção. Pela leitura conferimos que a criatividade é inerente a todos nós. Pela leitura literária nos descobrimos capazes também de sonhar com outras realidades. Daí, compreender, com lucidez, que a metáfora, tão recorrente nos textos literários, é também uma figura política.

Quando pensamos, MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO, em um Brasil Literário é por reconhecer o poder da literatura e sua função sensibilizadora e alteradora. Mas é preciso tomar
cuidados. Numa sociedade consumista e sedutora, muitos são leitores para consumo externo. Lêem para garantir o poder, fazem da leitura um objeto de sedução. É preciso pensar o Brasil Literário com aquele leitor capaz de abrir-se para que a palavra literária se torne encarnada e que passe primeiro pelo consumo interno para, só depois, tornar-se ação.

MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO, o Brasil Literário pode, em princípio, parecer uma utopia, mas por que não buscar realizá-la?




Com meu abraço, sempre, Bartolomeu




BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS:é um dos mais destacados autores brasileiros no âmbito da literatura para crianças e jovens. E responsável pelo MOVIMENTO POR UM BRASIL LITERÁRIO, onde podemos encontrar o MANIFESTO, e querendo a utopia, congregar-mo-nos.
Nascido em 1944,em Minas Gerais, Bartolomeu formou-se em arte-educação pelo Instituto Pedagógico de Paris. Como escritor, estreou em 1974 com o livro O peixe e o pássaro. De lá para cá, publicou mais de 40 títulos, traduzidos em vários idiomas, e foi diversas vezes distinguido ao longo de sua carreira literária com prêmios como o Cidade de Belo Horizonte, o Jabuti (da Câmara Brasileira do Livro), o Selo de Ouro (da Fundação Nacional do Livro Infantojuvenil), o diploma de honra do International Board on Books for Young People (IBBY, Londres) e o prêmio francês Quatrième Octogonal.
Pela SM publicou, em 2009, o livro Tempo de voo — lançado simultaneamente no Brasil, na Espanha, no México (e também na França pela Seuil) —, obra vencedora do Prêmio Glória Pondé, da Biblioteca Nacional (Brasil), selecionada para o catálogo White Ravens 2010, organizado pela Internationale Jugendbibliothek para a Feira de Bolonha.
Em 2008, pelo conjunto da obra, obteve o IV Prêmio Ibero-Americano de Literatura Infantil e Juvenil (foto acima), promovido pela Fundação SM em associação com o Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina, Caribe, Espanha e Portugal (Cerlalc), o International Board on Books for Young People (IBBY), a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e a Unesco.

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