quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A POETA LÍRIA PORTO É ENTREVISTADA POR ESTUDANTES E PARTICIPA DA FUNDAÇÃO DA ACADEMIA ESTUDANTIL DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO MUSEU PÓS-MODERNO DE EDUCAÇÃO










 Líria Porto-foto: Carlos Magno




                 líria porto

português e matemática
tirava notas ótimas
(tinha que saber)

história e geografia
tirava notas médias
(teria que estudar)

seria reprovada
por mau comportamento
ou pela cor da pele?



ENTREVISTA À LÍRIA PORTO POR ALUNOS DO CIEP 121-PROFº. JOADÉLIO CODEÇO-MARAMBAIA EM AULA DE PRODUÇÃO TEXTUAL E LÍNGUA PORTUGUESA DA PROFª VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES, EM 14/10/2016.

1-      BEATRIZ DO NASCIMENTO GONÇALVES (TURMA 801/2016): Olá, porque você decidiu ser poeta/ escritora?  Sente felicidade ao escrever?

LP: olá beatriz - eu não decidi, quando percebi já estava envolvida! E gosto imensamente do que faço- nem sempre é fácil, mas é prazeiroso.

2-      JÚLIA MARINHO PINHEIRO MOTA (TURMA 801/2016):  Como surgiu o poema “Segundo seu José”? Já sofreu traição por parte de amigo(s)?
       LP: um amigo observador me chamou atenção para este fato – falava “mineiro quando some está a fazer bobagem”  - a partir daí comecei a observar e percebi que muitos amigos também fogem da gente quando têm algo a esconder.  traição?  pode ser, mas talvez não chegue a tanto, júlia, apenas pequenos deslizes, desentendimentos.
3-         NILMA DINIZ (Coordenadora da Sala de Leitura do CIEP 121/2016): Fale-nos um pouquinho sobre o seu processo criativo. E o que aconselharia a uma pessoa que quer se tornar escritor?

LP: olá, nilma – escrevo todas as manhãs, se não poemas novos, pelo menos trabalho textos antigos, acertando as palavras, o ritmo... acredito que quem pretenda se tornar escritor precisa ler bastante, outros autores têm muito a nos ensinar!

3-      MILLENA DA SILVA RODRIGUES (TURMA 801/2016): Que pessoa influenciou você para adentrar na Literatura e desenvolver tão belos escritos literários? Por quê?
LP: oi, millena – ler outros autores, eles são os principais responsáveis pelo meu gosto pela escrita. o motivo é o encantamento pelo que há nos livros.

4-      STHEPHANY SOUSA (TURMA 801/2016): Quando você compõe algum texto literário, você demora muito para terminá-lo? Sente orgulho do que faz?
LP: fico alegre quando consigo um bom poema, sthephany – há uns que fluem, outros mais demorados, outros ainda que trabalho, trabalho, troco palavras e nunca ficam prontos.

5-      ANA CINTIA GOMES DA SILVA (TURMA 801/2016): Quantos livros tem você publicados e qual dos seus livros mais gosta? Por quê?
       LP: olá, ana cíntia, tenho cinco livros publicados – dois em portugal (borboleta desfolhada  e de lua), em 2009; os outros no brasil (asa de passarinho e garimpo) em 2014 e recentemente mais um (cadela prateada). gosto muito dos publicados no brasil, são edições mais bem elaboradas.

6-      JENNIFER DA SILVA GUERRA (TURMA 801/2016):  O que é poesia para você? E como seria viver sem poesia? A Professora Vanda Salles e nós alunos, estamos organizando a Academia Estudantil de Arte Contemporânea: você aceitaria fazer parte dela?

 LP: poesia é olhar, observação, percepção do entorno. o poeta traduz esta sensação em palavras, daí surgem os poemas. a vida sem poesia é árida como um deserto sem oásis, jennifer.

7-      REGIS ANDERSON SARAIVA ARAUJO (TURMA 801/2016): O que você pensa sobre a Literatura Brasileira Contemporânea?  Quem você destacaria no panorama nacional?
LP: olá, regis, a literatura contemporânea é promissora, tem muita gente boa escrevendo, muito livro de poesia e prosa da melhor qualidade! gosto muito da micheliny verunschk, do chico Lopes, do poeta lau siqueira, da ana elisa ribeiro, da silvana guimarães – tem muita gente boa!

8-      KAREN C. DA SILVA (TURMA 801/2016):  Quando seus textos estão prontos que emoção você sente? Deixaria aqui, um poema?

 LP: concluir bem um texto é uma alegria e um alívio, karen!  um poema:

ponto de vista

uma partícula
um cisco
não teria importância
e nada mudaria
se não tivesse caído
em meu olho

* líria porto

9-      RAYANNE PINTO DE JESUS (TURMA 801/2016): Se houvesse a possibilidade, você viria a nossa escola para participar de um debate com o chargista Laerte Coutinho?

LP: seria um luxo, rayanne – tenho grande admiração pelo laerte – na arte e na coragem!

10-   LUCIENE DE OLIVEIRA (TURMA 801/2016): O que é ser poeta/escritora e/ou empresária em um momento tão crítico em nosso país?
         LP: neste momento é difícil ser brasileiro em todas as áreas – o golpe parlamentar que acaba de acontecer é uma séria ameaça ao nosso país, luciene! a pec 241, por exemplo, uma iniciativa do governo ilegítimo de michel temer, vai proporcionar o sucateamento dos serviços públicos essenciais como saúde e educação, a distribuição de renda vai se aprofundar no favorecimento dos ricos, a sua aprovação vai ser a justificativa para a terceirização do serviço público e a privatização do nosso patrimônio, entre tantas outras irresponsabilidades e falta de compromisso de quem chega ao poder por caminhos obscuros.  então, acima de tudo, ser brasileiro nos coloca em situação vulnerável. a saída, a meu ver, é não nos conformarmos, é lutar para que se mude o quanto antes esse estado de coisas.
11-    WELLERSON MARCO SILVA DE OLIVEIRA (TURMA 801/2016): Como você vê a questão do Feminicídio?

 LP: numa sociedade machista e injusta, sofre o mais fraco... a violência, física, emocional ou verbal, é sempre covarde! é o abuso do poder, wellerson!

12-   JULIA DE BARROS (TURMA 801/2016): O que você pensa sobre Preconceito? Já sofreu bullying?
LP: preconceito é também violência – somos diferentes, não desiguais – isso precisa ser reconhecido e respeitado.  há quem se julgue melhor... a intolerância é inaceitável, julia. a  desigualdade!
13-   FELIPE VIDAL (TURMA 801/2016): Você é uma pessoa religiosa ou de religiosidade? E isso é importante em sua vida? Por quê?

        LP: não sou religiosa.
14-   LIVIA MENDONÇA (TURMA 801/2016): Li o seu poema “Os critérios”, achei-o sensacional. Como inspirou-se para escrevê-lo?

LP: oi lívia – precisei ir aos arquivos para me reportar ao poema – geralmente escrevo sobre o que me chama atenção, pelo que me comove no cotidiano – e a realidade é dura! este poema fala de estudo, mas também de preconceito. uso uma metáfora, reflito sobre a realidade... às vezes, mais que saber, exigem que pareçamos com o ideal , o modelo concebido pelo mercado e pelos interesses que não são os nossos... e a o descabimento de se excluir o outro pela cor da pele, por exemplo, ou pelo aspecto físico.

15-   CÁSSIA KETELY FILADELFO (TURMA 901/2016): Como se processa o seu trabalho criativo?   Criatividade é importante em sua profissão?

 LP: ser poeta não é minha profissão, é meu ofício, cássia... creio que para levá-lo a contento, além da dedicação diuturna, há a necessidade da criação. o cotidiano lado a lado com o trabalho e o imaginário...
16-   MURILO DA S. P. SEVERINO (TURMA 901/2016):  Como foi criar a sua primeira obra artística? Como foi a sua infância?  Lia muito?
 LP: ah, murilo, sempre li muito, ainda mais quando pude adquirir livros ou frequentar as bibliotecas da escola  – e foi uma infância comum, como a da maioria das crianças filhas de trabalhadores e com família grande. minha primeira publicação foi em 2009, eu já tinha 64 anos – e quando ficamos velhos as coisas se tornam mais naturais.
17-   KATHIANE M. OLIVEIRA (TURMA 901/2016): Para você o que é o sucesso?  E o que é ser sucesso? Faria um poema sobre sucesso?

LP: não sei bem o que é sucesso – ser reconhecido pelo seu trabalho? talvez seja esta a minha concepção...  mas em nossa sociedade há outras variantes para o sucesso... 
achei aqui este poema:

popularidade

bacalhau salmão robalo
atum linguado surubi – mas não sei
vender meu peixe

fazem sucesso na praça
sardinhas e lambaris

*líria porto

18-   FERNANDO TENÓRIO C. SILVA (TURMA 901/2016): Como você se percebe na Cultura Brasileira?

LP: ah, fernando, sinto-me meio como um peixe fora d’água, um estranho no ninho... risos
19-   GISELLA DA SILVA MEDEIROS (TURMA 901/2016): Onde você nasceu? Alcançou os seus objetivos na vida?
        LP: nasci em araguari, triângulo mineiro, giselle – não faço muitos planos, nunca fiz – tenho seguido em frente, até aqui deu certo... com alguns tropeços...

20-   ANA CLAUDIA RAIMUNDA MONTOSANE (TURMA 901/2016): Qual seria a palavra ou frase ou poema que deixaria para nós e/ou para as crianças e adolescentes do mundo?

LP: “navegar é preciso, viver não é preciso...” fernando pessoa
(para se navegar, usa-se bússola, orientação pelo sol e pelas estrelas, pontos cardeais, por exemplo...  mas viver é inexato – vivemos sem muitas certezas e com muitas perguntas e dúvidas – aproveito o fernando pessoa para dizer a quem posso – ler é bom e é necessário)
21-   RODRIGO CORREA ANTUNES (TURMA 901/2016): O que é Esperança para você? A vida é uma dádiva ou não?
LP: viver é bom, rodrigo! esperança? não sei, talvez ela nos faça suportar sofrimentos por tempo demasiado... ao invés de esperança, costumo atuar onde posso para modificar o que não quero que me oprima, ou me faça sofrer – principalmente mudar em mim, por dentro, analisar meus próprios entraves.
22-   PROFª VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: Líria Porto, agradecida desde já por essa entrevista. Minha pergunta: Se você fosse Secretária de Educação ou Ministra da Educação no Brasil, quais seriam as prioridades a desenvolver? Por quê?

        LP: penso que começaria pela capacitação e aperfeiçoamento dos professores e pela sua  valorização, além de discutir com a sociedade e me dedicar à difícil tarefa de tornar o ensino público de boa qualidade uma possibilidade para todos. a instrumentalização das escolas seria consequência.
quem agradece sou eu, professora – acaso haja algo que não tenham compreendido, estou à disposição!


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