Líria Porto-foto: Carlos Magno
líria porto
português e matemática
tirava notas ótimas
(tinha que saber)
história e geografia
tirava notas médias
(teria que estudar)
seria reprovada
por mau comportamento
ou pela cor da pele?
ENTREVISTA À LÍRIA
PORTO POR ALUNOS DO CIEP 121-PROFº. JOADÉLIO CODEÇO-MARAMBAIA EM AULA DE
PRODUÇÃO TEXTUAL E LÍNGUA PORTUGUESA DA PROFª VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES, EM
14/10/2016.
1- BEATRIZ DO NASCIMENTO GONÇALVES (TURMA 801/2016):
Olá, porque você decidiu ser poeta/ escritora?
Sente felicidade ao escrever?
LP: olá beatriz - eu não decidi, quando percebi já estava envolvida! E gosto imensamente do que faço- nem sempre é fácil, mas é prazeiroso.
LP: olá beatriz - eu não decidi, quando percebi já estava envolvida! E gosto imensamente do que faço- nem sempre é fácil, mas é prazeiroso.
2- JÚLIA MARINHO PINHEIRO MOTA (TURMA 801/2016): Como surgiu o poema “Segundo seu José”? Já
sofreu traição por parte de amigo(s)?
LP: um amigo observador me chamou
atenção para este fato – falava “mineiro quando some está a fazer bobagem” - a partir daí comecei a observar e percebi
que muitos amigos também fogem da gente quando têm algo a esconder. traição?
pode ser, mas talvez não chegue a tanto, júlia, apenas pequenos
deslizes, desentendimentos.
3-
NILMA DINIZ (Coordenadora da Sala de Leitura do CIEP 121/2016): Fale-nos
um pouquinho sobre o seu processo criativo. E o que aconselharia a uma pessoa
que quer se tornar escritor?
LP: olá, nilma –
escrevo todas as manhãs, se não poemas novos, pelo menos trabalho textos
antigos, acertando as palavras, o ritmo... acredito que quem pretenda se tornar
escritor precisa ler bastante, outros autores têm muito a nos ensinar!
3- MILLENA DA SILVA RODRIGUES (TURMA 801/2016): Que
pessoa influenciou você para adentrar na Literatura e desenvolver tão belos
escritos literários? Por quê?
LP: oi, millena – ler outros autores, eles são os
principais responsáveis pelo meu gosto pela escrita. o motivo é o encantamento
pelo que há nos livros.
4- STHEPHANY SOUSA (TURMA 801/2016): Quando você
compõe algum texto literário, você demora muito para terminá-lo? Sente orgulho
do que faz?
LP: fico alegre quando consigo um bom poema,
sthephany – há uns que fluem, outros mais demorados, outros ainda que trabalho,
trabalho, troco palavras e nunca ficam prontos.
5- ANA CINTIA GOMES DA SILVA (TURMA 801/2016): Quantos
livros tem você publicados e qual dos seus livros mais gosta? Por quê?
LP: olá, ana cíntia, tenho cinco livros
publicados – dois em portugal (borboleta
desfolhada e de lua), em 2009; os outros no brasil (asa de passarinho e garimpo)
em 2014 e recentemente mais um (cadela
prateada). gosto muito dos publicados no brasil, são edições mais bem
elaboradas.
6- JENNIFER DA SILVA GUERRA (TURMA 801/2016): O que é poesia para você? E como seria viver
sem poesia? A Professora Vanda Salles e nós alunos, estamos organizando a
Academia Estudantil de Arte Contemporânea: você aceitaria fazer parte dela?
LP: poesia é
olhar, observação, percepção do entorno. o poeta traduz esta sensação em
palavras, daí surgem os poemas. a vida sem poesia é árida como um deserto sem
oásis, jennifer.
7- REGIS ANDERSON SARAIVA ARAUJO (TURMA 801/2016): O
que você pensa sobre a Literatura Brasileira Contemporânea? Quem você destacaria no panorama nacional?
LP: olá, regis, a literatura contemporânea é
promissora, tem muita gente boa escrevendo, muito livro de poesia e prosa da
melhor qualidade! gosto muito da micheliny verunschk, do chico Lopes, do poeta
lau siqueira, da ana elisa ribeiro, da silvana guimarães – tem muita gente boa!
8- KAREN C. DA SILVA (TURMA 801/2016): Quando seus textos estão prontos que emoção
você sente? Deixaria aqui, um poema?
LP: concluir
bem um texto é uma alegria e um alívio, karen!
um poema:
ponto de vista
uma partícula
um cisco
não teria importância
e nada mudaria
se não tivesse caído
em meu olho
* líria porto
9- RAYANNE PINTO DE JESUS (TURMA 801/2016): Se
houvesse a possibilidade, você viria a nossa escola para participar de um
debate com o chargista Laerte Coutinho?
LP: seria um luxo,
rayanne – tenho grande admiração pelo laerte – na arte e na coragem!
10- LUCIENE DE OLIVEIRA (TURMA 801/2016): O que é ser
poeta/escritora e/ou empresária em um momento tão crítico em nosso país?
LP: neste momento é difícil ser
brasileiro em todas as áreas – o golpe parlamentar que acaba de acontecer é uma
séria ameaça ao nosso país, luciene! a pec 241, por exemplo, uma iniciativa do
governo ilegítimo de michel temer, vai proporcionar o sucateamento dos serviços
públicos essenciais como saúde e educação, a distribuição de renda vai se
aprofundar no favorecimento dos ricos, a sua aprovação vai ser a justificativa
para a terceirização do serviço público e a privatização do nosso patrimônio, entre
tantas outras irresponsabilidades e falta de compromisso de quem chega ao poder
por caminhos obscuros. então, acima de
tudo, ser brasileiro nos coloca em situação vulnerável. a saída, a meu ver, é
não nos conformarmos, é lutar para que se mude o quanto antes esse estado de
coisas.
11- WELLERSON
MARCO SILVA DE OLIVEIRA (TURMA 801/2016): Como você vê a questão do
Feminicídio?
LP: numa
sociedade machista e injusta, sofre o mais fraco... a violência, física,
emocional ou verbal, é sempre covarde! é o abuso do poder, wellerson!
12- JULIA DE BARROS (TURMA 801/2016): O que você pensa
sobre Preconceito? Já sofreu bullying?
LP: preconceito é também violência – somos
diferentes, não desiguais – isso precisa ser reconhecido e respeitado. há quem se julgue melhor... a intolerância é
inaceitável, julia. a desigualdade!
13- FELIPE VIDAL (TURMA 801/2016): Você é uma pessoa
religiosa ou de religiosidade? E isso é importante em sua vida? Por quê?
LP: não sou religiosa.
14- LIVIA MENDONÇA (TURMA 801/2016): Li o seu poema “Os
critérios”, achei-o sensacional. Como inspirou-se para escrevê-lo?
LP: oi lívia –
precisei ir aos arquivos para me reportar ao poema – geralmente escrevo sobre o
que me chama atenção, pelo que me comove no cotidiano – e a realidade é dura!
este poema fala de estudo, mas também de preconceito. uso uma metáfora, reflito
sobre a realidade... às vezes, mais que saber, exigem que pareçamos com o ideal
, o modelo concebido pelo mercado e pelos interesses que não são os nossos... e
a o descabimento de se excluir o outro pela cor da pele, por exemplo, ou pelo
aspecto físico.
15- CÁSSIA KETELY FILADELFO (TURMA 901/2016): Como se
processa o seu trabalho criativo?
Criatividade é importante em sua profissão?
LP: ser
poeta não é minha profissão, é meu ofício, cássia... creio que para levá-lo a
contento, além da dedicação diuturna, há a necessidade da criação. o cotidiano
lado a lado com o trabalho e o imaginário...
16- MURILO DA S. P. SEVERINO (TURMA 901/2016): Como foi criar a sua primeira obra artística?
Como foi a sua infância? Lia muito?
LP: ah,
murilo, sempre li muito, ainda mais quando pude adquirir livros ou frequentar
as bibliotecas da escola – e foi uma
infância comum, como a da maioria das crianças filhas de trabalhadores e com
família grande. minha primeira publicação foi em 2009, eu já tinha 64 anos – e
quando ficamos velhos as coisas se tornam mais naturais.
17- KATHIANE M. OLIVEIRA (TURMA 901/2016): Para você o
que é o sucesso? E o que é ser sucesso? Faria
um poema sobre sucesso?
LP: não sei bem o que é sucesso – ser reconhecido
pelo seu trabalho? talvez seja esta a minha concepção... mas em nossa sociedade há outras variantes
para o sucesso...
achei
aqui este poema:
popularidade
bacalhau salmão robalo
atum linguado surubi – mas
não sei
vender meu peixe
fazem sucesso na praça
sardinhas e lambaris
*líria porto
18- FERNANDO TENÓRIO C. SILVA (TURMA 901/2016): Como
você se percebe na Cultura Brasileira?
LP: ah, fernando, sinto-me meio como um peixe fora
d’água, um estranho no ninho... risos
19- GISELLA DA SILVA MEDEIROS (TURMA 901/2016): Onde
você nasceu? Alcançou os seus objetivos na vida?
LP: nasci em araguari, triângulo
mineiro, giselle – não faço muitos planos, nunca fiz – tenho seguido em frente,
até aqui deu certo... com alguns tropeços...
20- ANA CLAUDIA RAIMUNDA MONTOSANE (TURMA 901/2016):
Qual seria a palavra ou frase ou poema que deixaria para nós e/ou para as
crianças e adolescentes do mundo?
LP: “navegar é preciso, viver não é preciso...”
fernando pessoa
(para se navegar, usa-se bússola, orientação pelo
sol e pelas estrelas, pontos cardeais, por exemplo... mas viver é inexato – vivemos sem muitas
certezas e com muitas perguntas e dúvidas – aproveito o fernando pessoa para
dizer a quem posso – ler é bom e é necessário)
21- RODRIGO CORREA ANTUNES (TURMA 901/2016): O que é
Esperança para você? A vida é uma dádiva ou não?
LP: viver é bom, rodrigo! esperança? não sei,
talvez ela nos faça suportar sofrimentos por tempo demasiado... ao invés de
esperança, costumo atuar onde posso para modificar o que não quero que me
oprima, ou me faça sofrer – principalmente mudar em mim, por dentro, analisar
meus próprios entraves.
22- PROFª VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES: Líria Porto,
agradecida desde já por essa entrevista. Minha pergunta: Se você fosse
Secretária de Educação ou Ministra da Educação no Brasil, quais seriam as
prioridades a desenvolver? Por quê?
LP: penso que começaria pela
capacitação e aperfeiçoamento dos professores e pela sua valorização, além de discutir com a sociedade
e me dedicar à difícil tarefa de tornar o ensino público de boa qualidade uma
possibilidade para todos. a instrumentalização das escolas seria consequência.
quem agradece sou
eu, professora – acaso haja algo que não tenham compreendido, estou à
disposição!
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