sábado, 28 de agosto de 2010

POESIA: PÃO - JORGE HENRIQUE BASTOS (BRASIL)*



Foto: Pintura- Lam



PÃO


Do teu pão
faço a hora
movo a massa
o fogo queima a sua lição

e a mão anônima
em seu naufrágio


O rigor
leveda sobre a mesa
trabalho, úlcera
quando anoitece

O pão
faz o tempo
comer o alimento


a noite passa,

migalhas.


* JORGE HENRIQUE BASTOS: Nasceu em 1964, em Belém do Pará, Brasil.Organizou o livro A Criação do Mundo Segundo Os Índios Ianomami (1994), para a Editora Hiena; além de dirigir uma coleção de ensaios para a Editora Pergaminho, onde publicou Paul Valéry, Matheus Arnold e Alexander Blk. Traduziu René Char, Yves Bonnefoy e Ezra Pound. Dezesseis anos na Europa, regressou ao Brasil em 2006. Atualmente trabalha na Martins Editora, São Paulo.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

POESIA ARGENTINA CONTEMPORÂNEA: ALEJANDRO DREWES*



Foto: Alejandro Drewes (Argentina) e as poetas: Hilda Interiano de Payés (Honduras), Silvia Aida Catalán (Argentina) e Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil), na sala de espera do Reitor da Universidade Nacional de San Martín, em 2008.







LECTURA


Alejandro Drewes (Argentina)

Un día enjugaré todas tus lágrimas

Apocalipsis 27, 3-4



Hoy en el instante
vuelto noche en el espejo
celeste de los días
sucedidos, este asalto
furtivo de sombras amadas
un discurso sin otras
excusas, un disparo
en la frente de otro


un enmudecido testigo
para un juicio del mundo
en ausencia, rodante bola
bajo el viento infinito
de las constelaciones.
Hoy cuando África arde
como una pavesa
bajo la mala conciencia
burguesa y la futura
jornada en que todos
los muertos acusen


de Gaza hasta Bosnia
y a los muertos señalen
que fuimos en vida.
Hoy o mañana, cuando el tiempo
haya sido y acabada la fiesta
de los hunos y los otros
con todos los cristales
del alma rotos, el desfile
de hienas frente al ojo
inútil de las cámaras,

en este hoy el poema
como un grito que retumba
por amplios desiertos
en este irrepetible hoy
que huye como un gamo
corriendo extraviado
en el sueño por los bosques
de algún remoto Paraíso







*Querida Vanda,
GRACIAS por la invitación, aquí va un poema y un fuerte abrazo.

ALEJANDRO DREWES:nacido en la década del sesenta, dos rasgos definen su personalidad poética y la encuadran de manera característica dentro de la producción lírica que tiene como marco nuestro idioma. Por un lado, su ascendencia nórdica y su oficio de traductor de poesía (catalán, inglés, alemán, sueco, danés) y, por otro, el cariz de sus estudíos de historia y epistemología de las ciencias, como docente universitario e investigador. Necesariamente animado por inquietudes metafísicas, ha buscado seguir los caminos del conocimiento trascendente y de la iluminación elaborada por las tradiciones culturales, siempre en cercanías de la opción religiosa y de sus esperanzas contra vienteo y marea. Cabal representación de esa actitud es su poemarío UVAS DEL PARAISO,aparecido en 2007, saga de un viaje hacia la interioridad del exilio. hombre de su época, ha volcado esfuerzos considerables a abrir paso a la poesia esencial y jerarquizada en Internet.


(in:Poesía en tránsito/Poesia em Trânsito-Argentina/Brasil. 1ª. ed.Buenos Aires: La LunaQue, 2009. p.39)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

WILLIAM NEWSOME (E.U.A.) E ANTHONY MOVSHON (E.U.A) - DO CÉREBRO NA RECONSTRUÇÃO DAS IMAGENS E A FORMA COMO OS SERES HUMANOS ATUAM E COMPREENDEM*

Os vencedores da quarta edição do Prêmio Antonio Champallimaud de Visão 2010:


Foram os cientistas norte-americanos Anthony Movshon e William Newsome.


Os dois investigadores conseguiram elucidar que a perceção visual inicia-se através dos olhos, mas acontece no cérebro, sendo a imagem "reconstruída pelos circuitos do cérebro humano" de forma a permitir atuar e compreender o mundo.







Foto: O Cientista e Professor: Anthony Movshon (E.U.A.)




Foto: O Cientista e Professor: William Newsome (E.U.A.)1*

*Os cientistas norte-americanos Anthony Movshon e William Newsome venceram a edição deste ano do Prémio António Champalimaud de Visão pelos trabalhos sobre o papel do cérebro na reconstrução das imagens e na forma como os seres humanos atuam e compreendem.

1*-J. Anthony Movshon é director do New York University’s Center for Neural Science and Department of Psychology, foi anteriormente Investigador no Howard Hughes Medical Institute, sendo também Professor Adjunto no Langone Medical Center. Iniciou a sua colaboração com a Faculdade da NYU em 1975. Na NYU usufrui do estatuto de “Silver Professor”, denominação atribuída apenas aos melhores académicos da Universidade na Faculty of Arts and Science. Movshon é membro da National Academy of Sciences e “fellow” da American Academy of Arts and Sciences. Movshon é detentor de um bachalerato e de um doutoramento pela Universidade de Cambridge.


2*- William T. Newsome, Ph.D. é investigador do Howard Hughes Medical Institute e professor de Neurobiologia na Stanford University School of Medicine. Newsome completou a sua licenciatura em Física na Stetson University, Florida, e um Doutoramento em Ciências Biológicas no California Institute of Technology, em 1980. Fez investigação Pós-Doutoral no National Eye Institute, e posteriormente serviu como professor-assistente na State University of New York. Newsome é um lider reconhecido internacionalmente nos campos dos sistemas e da Neurociência cognitiva. A alta qualidade do seu trabalho de Investigação tem sido reconhecida através da atribuição de vários Prémios. Em 2000 foi eleito membro da National Academy of Sciences.

sábado, 14 de agosto de 2010

MAGIA: DESENHOS DE GIZ EM 3D, DE JUSTIN BEEVER-



Foto: A Borboleta








Foto: O sapo e a Criança









Foto: Alegria




Foto: O Trabalhador






Foto: Uma enchente?



Foto: O Hidrômetro




Foto: A Torre



Foto: O Mundo


Foto: Desenhos de Justin Beever
Esse cara continua a surpreender as pessoas com
desenhos de giz em 3D sobre calçadas e leito de ruas.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

POESIA: AI GIOVANI - ALDA MERINI (ITÁLIA)- TRADUÇÃO: ALBINO MATOS (PORTUGAL)




" A minha poesia tem para mim a importância da minha própria vida, é a minha palavra interior, a minha vida"- Alda Merini.



AI GIOVANI


ALDA MERINI (ITÁLIA)

Bella ridenti e giovane
con il tuo ventre scoperto,
e una medaglia d'oro
sull'ombelico,
mi dici che fai l'amore ogni georno
e sei felice e io penso che il tuo ventre
è vergine mentre il mio
è un groviglio di vipere
che voi chiamate poesia
ed è soltanto tutto l'amore
che non ho avuto
vedendoti io ho maledetto
la sorte di essere un poeta.



AOS JOVENS


TRADUÇÃO: ALBINO MATOS (PORTUGAL)


Ò bela sorridente e jovem
de barriga à mostra
e com uma medalha de oiro
no umbigo,
diz-me que fazes amor todos os dias
e és feliz, que eu penso que teu ventre
é virgem enquanto o meu
é um ninho de víboras,
o que vós chamais poesia
e é apenas todo o amor
que me faltou
ao ver-te eu maldigo
o destino de ser poeta.


*ALDA MERINI: (Milão, 21 de março de 1931 - Milão, 1 de novembro de 2009)- renomada escritora e poetisa italiana. Foi premiada com a Ordine al merito ... (Núpcias romanas, 1955), Tu sei Pietro. Anno 1961 (Tu és Pedro. Ano 1961, 1962. Seu primeiro livro de poesia, La presenza di Orfeo (A presença de Orfeu), publicado em 1953, foi muito bem recebido pela crítica. Seguiram-se Paura di Dio (Medo de Deus, 1955), Nozze romane

Após um silêncio editorial que se prolongou por 20 anos, Alda Merini voltou a publicar poesia: Destinati a morire. Poesie vecchie e nuove (Destinados a morrer. Poemas velhos e novos, 1980), La Terra Santa (A Terra Santa, 1985) e Testamento (1988).

Nos anos 90 deu início a uma nova fase, com o aparecimento dos livros em prosa centrados em sua própria pessoa. Assim, surge L'altra verità. Diario di una diversa (A outra verdade. Diário de uma pessoa diferente, 1986), Delirio Amoroso (Delírio Amoroso, 1989), Il tormento delle figure (O tormento das figuras, 1990), Le parole di Alda Merini (As palavras de Alda Merini, 1991), La pazza della porta accanto (A louca do lado, 1995), La vita facile. Sillabario (A vida fácil. Silabário, 1996) e Lettere a un racconto. Prose lunghe e brevi (Cartas a um conto. Prosas longas e breves, 1998).



**http://ruadaspretas.blogspot.com/

*** Agradecemos ao tradutor.

sábado, 7 de agosto de 2010

MOMENTO DOCENTE: COMO QUEM SABE QUE HÁ O SOL- AO POETA ALEXANDRE DE CASTRO(PORTUGAL), POR VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)



Foto: Beija-flor




Foto: Bica (Portugal)


COMO QUEM SABE QUE HÁ O SOL


VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES

AO POETA ALEXANDRE DE CASTRO* (PORTUGAL)


No erguer de Asa
admiro as que flamejam ao sabor dos ventos e seguem
além da linha infinita do horizonte e plainam
amorosamente n'alma
do que quis
da vida o beijo leve ou célere no gosto do broto ferida amorosa/divinas
como garças íbis cegonhas águia-malaia guará-mirim ema
uirapuru, sabiá, bem-te-vi e tico-tico meu beija-flor sabe
quando as margaridas selvagem dançam ao sol de setembro
ou o delicado e raro cavalo-marinho Krysna fica
como quem sabe que há o Sol no erguer de Asa e brinda-nos no dia
E este Sol aberto é claro que atarei meus sonhos ao mar
e seguirei até o poema alcançar a tua face e acariciar de leve o peito seu
quero de ti o sorriso aberto nessa
linda manhã que escrevo sentada ao computador e posto no blog Museu
o desejo de enlançar-te e obter um
poema que invada o tempo e rasgue
a indiferença e consigamos ser a alegria na cara autoritária da dúvida
e distender a liberdade
esprimida feito pimenta malagueta quando vovó plantou em seu sítio e disse
que era espanta olhado de sovina amarelo
e eu quase morri de tanto gargalhar, assim quero
a sua gargalhada em quaisquer lugar
E se você, por acaso ler esta pretensa poesia, escreva-me:
vanda-salles@hotmail.com
um poema uma crônica um conto... Um quê de você


Quero saber além do Alpendre da Lua, cujo
espelho copia e opta
na alegria estar
feito pé-de-moleque em boca faminta






* http://wwwalpendredalua.blogspot.com/






Foto: Artista- Remedios Varo

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

MOMENTO DISCENTE: O LUAR DA MEIA NOITE- STEFANY CIOLFI DE SOUZA




Foto: Harmonia- Varo



O LUAR DA MEIA NOITE


Stefany Ciolfi de Souza


Num belo luar
torno a cantar
com lindas palavras criadas
canto até cansar

Mas nunca sei
De onde eu me inspiro
Só sei que vem naturalmente
apenas com um simples suspiro

Aquela canção
Aquela do Luar
é a única...
... Que me faz amar.