quarta-feira, 31 de julho de 2019
POEMA À JUDITH TEIXEIRA- O ROUXINOL DE VISEU
VANDA SALLES
POEMA À JUDITH TEIXEIRA- O ROUXINOL DE VISEU
'Eu sou - responde o singular tormento -
Eu sou a fria dor do Entendimento,
à luz fria da Verdade, a iluminar-te!"
Judith Teixeira, in. Quem és?
I
Ó Senhora de mim, que vives assim de poema em poema
a pintar a vida, àvida de desejos e volúpia,
consciente da luta,
esta que nos faz adeptas do delicioso relicário à luz fina da verdade:
Ser mulher e construir-se cotidianamente, é, não é fácil. Bem sabes:
frágil é o dia,
efêmero o instante e
poético,
esse pôr de sol que incendeia apele!... Ó mar, dá-me o entendimento,
o saber que o meu querer
no círculo das Musas a bailar no jardim... Ó Rouxinol de Viseu, poeta és, e
a sua fina mão de mulher a guardar o sonho, a natureza,
a obra-prima e a rima.
Ó Musa do desejo e da volúpia!
Escrito nas estrelas de Aldebarã,
todo o afã,
o segredo do seu labirinto
arrimo de judia- 'Tocha", tão Lena de Valois!
II
Mulher é feita para o livre pensar,
nutrir o fruto,
embelezar o caminho.... deleve, adocicar as agruras ancestrais...
mas também lançar o barquinho de papel ao mar!
Ah, poema flor!
meu amor apeteceu a lira,
o pó,
a dor,
a canção,
sob o luar de Viseu a imaginação é minha.
III
Minha também são as palavras,
nuas,
na rua,
no cais,
nas janelas,
nas algemas do esquecimento,
no remo,
no leme,
íngreme dos rochedos
no silêncio da língua,
o rio,
a água...
a escorrer do centro da forma... o néctar e ao desejo de quero mais: insaciada sou,
como a fria estátua de Bizâncio
a iluminar-te!
VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES
RJ, 8/01/2019
PÔR DO SOL
in.; Diversidades e Loucuras em Obras de Arte: Um Estudo em Arteterapia I e II, de Vanda Lúcia da Costa Salles, editora Autografia, pp 161,162,163.
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