terça-feira, 9 de junho de 2015

PROJETO ANTOLOGIA MARIA FIRMINA DOS REIS - PARTICIPAÇÃO ATÉ31/06/2015






                             
DILERCY ADLER E LEOPOLDO GIL CONVIDAM

        AO


PROJETO MARIA FIRMINA DOS REIS. Veja:

NORMAS DOS TRABALHOS


a) ANTOLOGIA “CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS”  (- ATÉ 31 DE JUNHO DE 2015)
 - Cada Poeta poderá apresentar até cinco (cinco) poemas em homenagem à Maria Firmina dos Reis. Formato A4, Times New Roman, tamanho 12, espaço 1, e enviar, adjunto, currículo literário resumido (no máximo seis linhas), em que conste data de nascimento, cidade e país de origem; e-mail, com foto atualizada,
- A aceitação dar-se-á na ordem de recebimento da (s) obra(s), até completar os 190 (cento e noventa) poemas.

b) ESTUDOS E PESQUISAS: “SOBRE MARIA FIRMINA DOS REIS”
- Cada autor ou coautor poderá enviar até dois (02) textos, com, no máximo, 10 (dez) páginas, formato A4, Times New Roman, tamanho 12, espaço 1, incluindo bibliografia e fotos.
- Ao enviar sua obra, esta deverá vir acompanhada de pequena bio-bliografia, com foto atualizada e e-mail, cidade e país de origem.
- A aceitação se dará na ordem de recebimento da (s) obra(s) até completar 300 páginas.

 Envio de Poesias para: dilercy@hotmail.com

Envio de Trabalhos (ENSAIOS) para: vazleopoldo@hotmail.com

CUSTOS:
 As antologias adotarão o sistema consorciado, na qual os custos serão rateados entre autores que receberão em livros os valores pagos.

ENTIDADES E ÓRGÃOS ENVOLVIDOS:
Academmia ludovicense de Letras-ALL, Academia Vimarense de Letras-AVM, Academia Caxiense de Letras , Federação das Academias de Letras do Maranhão-FALMA,  Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão-IHGM,  Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães-IHGG, Sociedade de Cultura Latina do Brasil-SCLB, Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix suisse / France - Delegação do Maranhão e Liceo Poético de Benidorm-Espanha - Delegação do Maranhão.

CONTAMOS COM A SUA PARTICIPAÇÃO! DIVULGUE PARA OS SEUS CONTATOS

segunda-feira, 1 de junho de 2015

CRÔNICA DE CERES COSTA FERNANDES-GRANDES MEDOS







Ceres  Costa Fernandes





                              GRANDES MEDOS

                  Autora:   Ceres Costa Fernandes (Maranhão-Brasil)

Foto:  Ceres Costa Fernandes, Dilercy Adler, José Neres, Joana Bittencourt e Roque Macatrão.


              O primeiro grande medo, identificado por volta dos quatro anos de idade, foi o de ser sequestrada por índios. Não, não morei no velho Oeste americano, mas meu pai foi juiz de direito de Barra do Corda, cidade em que era grande o vai-e-vem de índios o tempo inteiro. Não os índios de hoje de calção adidas e havaianas, que sentam às portas dos botequins, bebendo cachaça e jogando dominó, confundidos com os caboclos subnutridos da região, cara de um focinho do outro, mas os orgulhosos, imponentes, emplumados e pintados, ou até alguns, entre os aculturados mais importantes, de terno de riscado e pés descalços. Visitavam meu pai, vestidos(?) a caráter, e eu me escondia. Olhava arregalado e pensava, se eles sequestraram a “infeliz Perpetinha”, por que não a mim?
        De volta a São Luís, livre dos índios (ufa!) enfrentei o segundo medo.  Esse foi terrífico! O medo do Diabo. Aquele de rabo e chifre, pés-de-cabra, peludo e soltando fogo pela boca, medieval, como as freiras que inseriram o terror na minha alminha de seis anos. E este rendeu muito tempo. Até por volta dos dez anos, tinha certeza da sua aparição, a qualquer momento: daria então uma grande risada que racharia a parede do meu quarto de menina má que esquecia a genuflexão diante do Santíssimo – talvez porque passasse correndo pela nave principal da igreja do colégio.
      Comecei cedo a ler a Bíblia. As freiras mandavam e eu tomei gosto. Achava e acho, sem desrespeito, que ler a Bíblia é fruir o legítimo prazer do texto. E a minha predileção eram as partes catastróficas do Velho Testamento. O dilúvio, O Êxodo, Sodoma e Gomorra e as proibidas pelas religiosas, tipo Cântico dos Cânticos. Depois, o Novo Testamento com o Apocalipse. Por volta dos oito anos, sonhava com os rios tornados em sangue, as estrelas caindo nos mares e os Quatro Cavaleiros, voando montados em seus cavalos magros pelos ares em fogo. Acordava suada e corria para o quarto dos meus pais.
   Aos onze, doze eram os vampiros. Dormia com o pescoço coberto por um lenço e havia sempre uma cabeça de alho à cabeceira, pequenas cruzes também. Nessa época a minha leitura preferida eram as histórias de terror e os romances policiais, ao lado de Eça e Herculano. Muitas vezes me peguei observando se as minhas amigas tinham a sua imagem refletida nos espelhos.
     Após isso, veio uma breve época dos maremotos (que hoje chamam tsunamis). Depois da morte de meu pai, aos meus dezessete anos, nada mais me atemorizou, a não ser o medo de perder entes queridos, o que me aperta o peito cada vez mais.
      Destemida que fiquei, enfrentei procelas, dragões e serpentes insidiosas que passaram pela minha vida, sem esmorecer. Agora, na feliz melhor idade (quem terá sido o humorista que inventou isso?) parece que volto à minha infância.
  Reinventei os meus medos, não mais do diabo e fim do mundo, apesar das surpresas que a Terra nos tem dado, mas troquei-os por coisas corriqueiras.
        Vejam só,  hoje tenho medo de ficar à porta da minha casa, de fazer e receber visitas depois das sete da noite; do carteiro; do homem que entrega flores; dos que dizem que vêm fazer inspeção contra mosquitos da dengue; dos adolescentes nos sinais; das crianças desconhecidas que se aproximam de mim nas ruas; dos mendigos; da mulher bem vestida que me pergunta as horas; de sair bem vestida, aparentando sinais de riqueza que estou longe de possuir; de pedir que alguém afaste um pouco seu carro para que eu possa tirar o meu; das motos com duas pessoas; das motos com uma pessoa; de abrir minha bolsa para dar esmolas; de ter bolsa; de entrar em um banco; de sair de um banco, com ou sem dinheiro; das pessoas maledicentes; de ir a igrejas, restaurantes e festas, de entrar e sair de casa; de ficar dentro de casa.
         A lista é longa, não a finalizaria neste espaço. Mas creio que os dias que mais me dão medo são os feriados que celebram amor, gratidão e costumes afetivos e religiosos universais. Aqueles em que a humanidade eleva os sentimentos para homenagear seus ícones mais caros: o Natal, o Ano Novo, o Dia das Mães, o dos Pais, o das Crianças e sei mais lá o quê. Nesses dias sei que sairão dos presídios magotes de cavalheiros que tiveram nota dez em bom comportamento, para encher as ruas e fortalecer as gangues. Dentre esses, estarão os mais bem avaliados e, que obviamente, não precisam mais ser ressocializados, por isso não voltarão, uns por estarem bem mortos, outros por terem muito o que fazer aqui fora...
    O medo dos medos: temo por meus filhos e netos, que não estão ainda em tempo de recolhimento e sentem com mais urgência e intensidade a vontade de participar das coisas boas que a cidade ainda tem para oferecer. Julho está chegando, os que partiram em revoada, voltarão para passar as férias. A alegria esperada estará pari passu com o medo. Esta não é uma cidade para adolescentes se divertirem. Quem os protegerá, se a própria polícia não consegue proteger a si mesma?
     Oh, seria preferível o Diabo medieval, que os modernos os temos aí; o Apocalipse e seus quatro cavaleiros foram devidamente substituídos pelo aquecimento global; os índios – ah, esses estão assombrando os trens da Vale; vampiros, não contam mais, viraram símbolo sexual. Quero os meus velhos medos de volta.