terça-feira, 21 de agosto de 2012
POESIA; A VIDA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: A VIDA, PABLO PICASSO
A VIDA
Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
andando para lá
andando para cá,
lá e cá,
uma
quase
melancólia infinitamente azul
a vida é,
os mesmos pés descalços que a tela canta
na agonia
da rejeição
dessa introspecção já em extinção
pessoas andam
simultaneamente azuis, falam sozinhas, em voz tão alta
esquizofrênicas
cegas ao ambiente ao redor
cá e lá,
em parques, em aeroportos, em ruas
pessoas estão assim
frenéticas, anoréxicas, sem direção
param
e desejam que a cueca tenha a marca na moda
aquática
a caverna possui apenas sombras
com a bola
a vez não chega, a dor enche as cores, a tinta
escreve o que não se diz
um rosa não é apenas rosa e é mais que rosa: é colorido,
a vida
é algo fora do comum quando a delícia estala a boca
e se prova
entre variados matisses
Lebre estufada feita por Madame Matisse à moda de Perpignan
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
POESIA: UMA SOMBRA AMENA - VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES (BRASIL)
Foto: Praia de Icaraí-Niterói
UMA SOMBRA AMENA
Por: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
I
apenas, olho a olho,
à sombra de uma amendoeira praiana,
a areia dizia sim
a mim
o que necessito pouco importa
se o livro que lês
aprecia o dia
ou se o menino que passa
tem medo do sorriso clarão da manhã
ou até mesmo,
se aquele peito bate mais forte
enquanto circulas na praia de Icaraí
sem temor ou pudor
de ser tupiniquim,
se é tão normal jogar uma pelada domingueira
mas tudo que aconteceu com ele foi
sonhar loucamente e pregar
que o amor é uma coisa boa
assim, entende-se a paixão de
se deitar corpo a corpo
mesmo que em declive,
no exato momento,
em que o fruto cai
II
uma amêndoa parece
doce
como se estivéssemos submerso
apesar da maré revolta
todavia saiba,
não o é
III
os apartamentos espiam os transeuntes,
atravessam os corredores,
semáforos acendem,
faróis e buzinas impactam o silêncio,
esticam as pernas as gaivotas
porque não nasceram para sofrer,
disse um dia,
naquele dia de horror,
a fome em desalinho
IV
uma música rola no ar,
Ah! Não existe mensagem na garrafa que boia.
V
seria original a história?
VI
uma saudade bate,
um filete de lágrima rola,
e molha
a amnésia do instante
um deleite se você estivesse aqui,
sorrindo daquele mesmo jeito quando
desatou os nós
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
POESIA: O TEMPO E A VIDA - DE VANDA LÚCIA DA COSTA SALLES
Foto: A poeta e escritora Vanda Lúcia da Costa Salles, na Boca da Barra, em Rio das Ostras
O TEMPO E A VIDA
Por: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
Foram sempre as suas pegadas que procurei alcançar
As minhas marcavam a vida em seu próprio tempo,
com uma mesura de dama antiga, quis
a estrela que brilhava em sua face amiga
e aquele brilho inusitado de seu olhar
como se a qualquer hora pudéssemos andar
pelas paredes ilustradas por heras e musgos
onde, às vezes, quase
por milésimos de segundos,
a Lua conseguia beijar o Sol a surgir, longe
muito longe, na possibilidade da espera
o gosto de vinho branco suave valendo pérolas
adocicava
o tempo e a vida, em nós
Hoje, aqui estou como espera-maré,
você não mas, entretanto
essa estrela-do-mar adormecida na areia tem
um quê de sua imagem de avô
E por mais incrível que pareça, em plena praia
na boca
apeteceu-me um gosto de manga espada, daquelas
adubada em Italva, exatamente
como fazíamos
O TEMPO E A VIDA
Por: Vanda Lúcia da Costa Salles (Brasil)
Foram sempre as suas pegadas que procurei alcançar
As minhas marcavam a vida em seu próprio tempo,
com uma mesura de dama antiga, quis
a estrela que brilhava em sua face amiga
e aquele brilho inusitado de seu olhar
como se a qualquer hora pudéssemos andar
pelas paredes ilustradas por heras e musgos
onde, às vezes, quase
por milésimos de segundos,
a Lua conseguia beijar o Sol a surgir, longe
muito longe, na possibilidade da espera
o gosto de vinho branco suave valendo pérolas
adocicava
o tempo e a vida, em nós
Hoje, aqui estou como espera-maré,
você não mas, entretanto
essa estrela-do-mar adormecida na areia tem
um quê de sua imagem de avô
E por mais incrível que pareça, em plena praia
na boca
apeteceu-me um gosto de manga espada, daquelas
adubada em Italva, exatamente
como fazíamos
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